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SEJAM BEM VINDOS

A vida é muito curta para se tomar um vinho ruim!!!

sábado, 17 de março de 2012

ENTREVISTA EXCLUSIVA: GUILLERMO BARZI, DIRETOR DA HUMBERTO CANALE


Hoje trago com exclusividade uma entrevista com Guillermo Barzi, quarta geração da família Canale, e responsável pela centenária Bodega Humberto Canale da Patagônia. Guillermo, que encontra-se em plena "cosecha" (colheita) de 2012, gentilmente nos cedeu alguns minutos para nos presentear com respostas valiosas a cerca da sua presença na Patagônia e do sucesso de seus vinhos.



Caduco: O "slogan" da Humberto Canale é o CARÁTER PATAGÔNICO. Qual é o verdadeiro caráter patagônico?

Guillermo:  O "caráter da Patagônia" são a características que a região imprimem em seus produtos, junto com as mãos do homem que as complementa e as integra. O planalto da Patagônia, árido, grande, selvagem, inabitado e com grandes contrastes, gera condições ideais para elaborar variedades viníferas próprias com muitas expressões de cores e aromas frutados.

Caduco: Quais foram os maiores desafios em se fazer vinhos na Patagônia que marcaram história na Humberto Canale? Quais são suas uvas mais trabalhadas?

Guillermo:  A Bodega Humberto Canale é a pioneira na Patagônia. A única que se manteve ao longo do tempo, superando todos desafios que esta geografia ergueu, para poder sair pelo país e pelo mundo. Há 100 anos, quando Humbero Canale começou a girar seu sonho de produzir os vinhos mais austrais do mundo, este se assemelhava aos mitos e lendas que habitam o lugar. O caminho percorrido, a persistência do fundador e seus seguidores, retiraram esse sonho do plano mítico para fazê-lo realidade. Hoje, 100 anos após a sua fundação, o grupo continua com seu objetivo e desafio inalteráveis: fazer vinhos de qualidade sustentáveis pelo tempo. E isto foi conquistado apesar das variações políticas e econômicas que reinaram na Argentina ao longo deste último século. Cem anos que tiveram algumas pausas de estabilidade, como na década de 90, uma época de mudanças estruturais para o setor vitivinícola. Durante esse período, pelo Plano de Convertibilidade, foi possível fazer investimentos que resultaram em modernização da Bodega e propiciaram a abertura necessária para inserir os vinhos da Argentina no mundo.

E pra nós, as uvas que nos dão maior satisfação são a Pinot Noir e a Merlot.

Caduco: Falando em uvas, existe diferença entre a Malbec de Mendoza e a Malbec da Patagônia?

Guillermo:  Sim, sem dúvida é um terroir diferente. Não digo quem é melhor, mas sim que são diferentes. A principal diferença se dá nos aromas, onde a Malbec da Patagônia tem aromas mais picantes.

Caduco: Qual é o ponto principal para o sucesso da Pinot Noir da Humberto Canale, que é comparada aos grandes vinhos da Borgonha?

Guillermo:  Felizmente é um grande êxito que desde o início foi a varietal que produziu vinhos ícones na bodega. Temos grandes consultores que estão trabalhando com dedicação nessa uva. Desde Don Raul de la Mota nos anos 80, seguido por Hans Vinding Diers na década de 90 e Susana Balbo atualmente. Além disso são uvas de vinhas velhas, algumas com mais de 40 anos e com muito baixo rendimento.

Caduco: Em uma vinícola tradicional com a Humberto Canale, o que é mais importante: melhorar os vinhos que já são consagrados ou buscar novas descobertas?

Guillermo:  Como já disse, nosso maior objetivo é fazer nossos vinhos de qualidade que perdurem pelo tempo. Buscamos aprimorar nossos vinhos. Isso é o principal.

Caduco: O que pesa mais na filosofia de trabalho da sua vinícola: as notas de vários avaliadores (ex. Robert Parker, Wine Spectator, Descorchados) ou o resultado de concursos e degustações "as cegas"?

Guillermo:  Em nossa filosofia o que mais importa é a resposta do consumidor que reflita todos os dias nas redes sociais.

Caduco: Como surgiu a idéia de fazer o maravilhoso Centenium? Qual era a expectativa de combinar Malbec, Merlot e Cabernet Franc?

Guillermo:  O projeto de fazer um vinho de alta qualidade para comemorar o centenário (2009) começou a surgir em meados de 2004. Imaginamos incorporar em um blend a varietal ideal da região patagônica (Merlot), junto com a varietal emblemática da Argentina (Malbec) e com um tempero sutil da Cabernet Franc. Com essa decisão selecionamos as três partes, as quais, desde a poda e capinagem, comecaram a ter cuidados meticulosos na nossa propriedade. Em todo momento não pensamos somente na produção, mas também em todas as coisas que nos conectam aos nossos ancestrais, como o amor pelo vinho e pela tradição, a cultura de nossa empresa familiar através de suas gerações e o esforço para melhorar a cada dia.

Caduco: Como a Humberto Canale encara o turismo em suas instalações?

Guillermo:  Bem, estamos numa etapa inicial, com visitas diárias, um museu, degustações e eventos privados. É uma atividade que cresce todos os anos na bodega.

Caduco: Quais são os principais projetos para o futuro?

Guillermo: Os principais projetos que passam agora são: seguir consolidando a marca da bodega, seus produtos e o lançamento de novas linhas, entre eles o espumante Humberto Canale Extra Brut.

sábado, 3 de março de 2012

HUMBERTO CANALE ÍNTIMO FAMILY RESERVE 2009

Eis um vinho que me surpreendeu!

Em uma degustação realizada neste fim de semana na Grand Cru em Piracicaba, foram provados 3 vinhos:
1. Intimo Family Reserve Humberto Canale 2009
2. Clos de Los Siete 2008 RP 90
3. Leida Single Kadun 2010





Na minha opinião, e na da maioria presente, o Intimo Family da Humberto Canale estava bem melhor. Mesmo sendo jovem, estava com aromas mais complexos, marcantes na taça, não tão alcoólico, com sabores de frutas vivos e taninos equilibrados. Lógico que dentro de uma expectativa pra ele.

Um vinho blend 60% Malbec, 20% Cabernet Sauvignon e 20% Cabernet Franc (no site a Grand Cru coloca erroneamente Merlot).  

O vinho estagia 12 meses em barricas francesas e centro-européias e mais 6 meses em garrafas antes de ser despachado (tá certo que 12 meses em carvalho, por si só, não é tudo. Se colocarmos um vinho ruim 12 meses em carvalho, ele será um vinho ruim amadeirado). Potencial de guarda de 8 anos.

Mas o mais interessante é que é um vinho bem feito, respeitável, honesto pelo preço, equilibrado, agradável para ser bebido, pronto, e talvez melhore bem com mais uns 2-3 anos.

Uma grande pedida. Ainda mais porque está em promoção por R$ 45,00 na Grand Cru.

Vale bem a pena.

Notado foi o Clos de Los Siete, que apesar de ser tão badalado, não agradou e mostrou estar desequilibrado, com taninos ainda violentos, um pouco agressivo na boca. Assustou o pessoal.